Em Crateús, fila para ter água começa a se formar às 3h da madrugada.
Açude começou a secar há mais de três anos.
Do G1 CE, com informações da TV Verdes Mares

A água desapareceu das torneiras em Crateús, a 360 km de Fortaleza. A população carrega como pode o pouco que consegue em um dos poços públicos e há gente que usa roupa suja para poupar a água da lavagem. O 'mané magro', uma engenhoca do sertão, ajuda no transporte dos recipientes. Segundo os moradores, a fila da disputa para encher os baldes se forma às 3h da manhã. As cenas registradas em pleno século XXI ainda remontam ao sofrimento da seca de 1915, há exatos 100 anos, retratada na obra da escritora Rachel de Queiroz.
Francion da Costa é um dos que madrugam para levar 200 litros de água para a família. Até o caminho de casa, ao lado da mulher, o atendente conta com a ajuda do "mané magro". "Ouvia pessoas mais velhas que diziam que carregavam de 'mané magro' a água de chafariz. Voltamos para o tempo do 'mané magro' de novo”, diz. O "mané magro" fez parte do cotidiano do que passaram pela estiagem. O carrinho é usado para ajudar as pessoas a carregarem galões de água, muitas vezes por quilômetros de distância.
Moradores usam carrinho ''mané magro'' para carregar
água (Foto: Reprodução/TV Verdes Mare)
água (Foto: Reprodução/TV Verdes Mare)
O aposentado José Rodrigues é um dos companheiros de Francion na disputa pela água em Crateús. Os dois já presenciaram brigas na hora de encher os baldes e garrafas. “O negócio é sufocante. Muita gente naquele sufoco, sol quente, muito calor e todos querendo pegar água. Às vezes, a água não dá para todos. Tem de ficar no sol, aguardando se não os outros tomam a frente da gente. Roubam os baldes da gente, roubam as tampas. Tem dia que tem briga”, relata José.
A TV Verdes Mares exibe até sexta-feira (3) a série "Cem anos da seca". Além de lembrar os 100 anos da seca de 1915, as reportagens também mostram cenários retratados no livro de Rachel de Queiroz, como os campos de concentração, as maiores secas do século no Ceará, a disputa pela água ainda nos tempos atuais e as formas de conviver com a estiagem.

Há três anos, açude Carnaubal anunciava um futuro racionamento; atualmente, já não fornece água (Foto: TV Verdes Mares/Reprodução)

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